O Agrupamento DE Escolas da Lixa, Felgueiras, assinalou no dia 27 de janeiro o Dia Internacional em Memória das Vítimas do Holocausto.
Esta efeméride marca indiscutivelmente o Plano Anual de Atividades deste Agrupamento, uma vez que tem vindo a ser a assinalada há cinco anos a esta parte, de forma entusiasmante e consistente, constituindo uma referência pedagógica, educativa e cultural, no Concelho de Felgueiras, a nível nacional – em cooperação com a Escola Básica Professor José Buisel (Portimão) e a nível internacional.
Este ano, e tendo em conta a temática e o cartaz publicados pelo Museu de Auschwitz-Birkenau (Cracóvia, Polónia), decidimos atribuir o seguinte tema: EDUCATION FOR PEACE: AUSCHWITZ-BIRKENAU – O QUE VÊEM OS VOSSOS OLHOS?”
Num primeiro momento, tivemos a abertura oficial, fazendo um minuto de silêncio em memória de todas vítimas. Seguidamente, foi entregue um crachá a todos os elementos convidados, fazendo jus ao cartaz oficial do Museu de Auschwitz-Birkenau e à sua mensagem para este ano. E ainda tivemos o privilégio de ouvir, na primeira pessoa, o testemunho de Michel Koven, cujos pais foram salvos graças a um visto passado pelo grande herói e Justo Português, Aristides de Sousa Mendes, o Cônsul, em Bordéus.

Posteriormente, realizaram-se os discursos do Sr. Diretor do Agrupamento de Escolas da Lixa, Felgueiras, Dr. Armindo Gomes Coelho, que destacou esta iniciativa e o sucesso da mesma, bem como a sua pertinência, no contexto educativo e pedagógico e de acordo com a situação geopolítica atual da Europa, face aos inúmeros perigos daí emergentes, da Dr.ª Rosa Teixeira, em representação da Autarquia, e a intervenção da Sr.ª Embaixadora da Polónia, Dr.ª Dorota Barys, que nos saudou efusivamente e nos leu um pequeno texto, de forma sentida, até emotiva, onde reiterou o sofrimento do povo polaco e das suas provações ao longo da sua existência.
De seguida, tivemos o prazer de ouvir a excelente preleção do Dr. Pedro Delgado Alves (via online) em representação do Sr. Secretário-Geral do Partido Socialista, Dr. Nuno Santos, que para além da sua apresentação, agradeceu o nosso convite e nos relembrou da grande importância deste dia, salientando a perseguição dos Judeus, desde os tempos dos Romanos até aos dias de hoje. Através de um discurso muito objetivo e curto, todos os presentes ficaram a conhecer a origem e as razões que levaram ao extermínio desta etnia, em particular, como de outras, no designado Holocausto, momento mais negro da II Guerra Mundial e da nossa História.
Seguidamente, houve um momento de pausa e de conversa entre todos os convidados, com destaque para o Dr. António Martins, em representação da Memoshoá, o Dr. Luís Fidalgo, representando a Fundação Aristides Sousa Mendes e a Dr.ª Cookie Fischer, em representação da Fundação Aristides Sousa Mendes dos Estados Unidos.
Num segundo momento, o Dr. António Martins, membro da Memoshoá, dirigiu-se aos jovens e aos demais presentes, falando do antissemitismo ao longo dos séculos, numa perspetiva diacrónica, até aos dias de hoje, como tão bem sabe fazer.
Finalmente, tivemos a simpatia e a amabilidade do Dr. Luís Fidalgo que nos presenteou com algumas lembranças da Fundação Aristides de Sousa Mendes, destacando o papel do Cônsul Português no salvamento de 30 000 pessoas do extermínio nazi, abdicando da sua posição pessoal e política em prol do bem comum, gesto este que culminou com a destituição do seu cargo, acabando na extrema pobreza e na sua morte e um completo esquecimento por parte da sua Pátria, durante anos.
Não menos importante, o último momento, foi o mais aclamado, uma vez que tivemos a honra de conhecer in loco a Dr.ª Cookie Fischer, cuja família foi igualmente salva com um visto de Aristides de Sousa Mendes. E mesmo adoentada, fez questão de estar presente, comunicando emotivamente com a plateia, contando a sua história de vida.
Terminando a atividade da melhor maneira, todos os convidados almoçaram na cantina da Escola Secundária da Lixa, proporcionando momentos de aproximação e de partilha para gáudio de professores, alunos e convidados.
Como reflexão final, podemos seguramente afirmar que ensinar o Holocausto é uma forma de se apelar permanentemente à nossa capacidade de compreender e de nos colocarmos no lugar do outro. É esta preocupação que temos de preservar, a fim de que não haja interpretações unilaterais, demasiados simplistas e/ou abusivas sobre a Memória. Neste contexto, Tzvetan Todorov afirmou que “les enjeux de la mémoire sont trop grands pour être laissés à l’ enthousiasme ou à la colère” (Les Abus de la Mémoire, Arléa, 1995, p. 14).
Bem-Haja!
Francina Santos (docente do AELixa, Felgueiras)
