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No lugar dos outros

Artigo de opinião, publicado na edição 1469 de 14 de março de 2025

Querida Marta:

Aqui, deste farol super iluminado, lembrei-me de que já não falamos há muito tempo. Todavia, na condição de teu tio, ainda que muito afastado – o bisavô do meu avô materno terá sido tio do bisavô do teu avô paterno – nunca deixei de te considerar uma sobrinha especial, nem jamais deixei de acompanhar o teu percurso cronista nas páginas deste jornal, podendo assim constatar que tens muito de mim, designadamente o elevado gosto pela escrita e a inconformação que tanto nos preenche, inquieta e domina.

Num concelho onde a iliteracia tem um peso considerável na comunidade, confesso que leio tudo, e neste tudo, gostosamente os teus textos, onde alguma frescura poética campeia a par da excelente prosa que regularmente desenvolves.

Por conseguinte, não posso deixar de concordar contigo sobre a pertinência dos temas da vida municipal que, no entretanto, tens abordado.

Nesta edição, por força da força que há muito tempo me acompanha, estava a pensar escrever sobre as próximas presidenciais, que ainda estão longe, mas ao ler o teu último texto, senti uma vontade irreprimível de falar sobre ele, e tão só para afirmar que acertaste na muche!

Desde logo, sobre a fraca execução no domínio do Saneamento, onde o que se encontra feito, não obstante a sua natural invisibilidade, é positivo, mas ao mesmo tempo pouco, se comparado aos índices e aos valores que nesta altura do nosso desenvolvimento sustentado já deveríamos e merecíamos estar a usufruir.

Porém, serão também poucos os que pensam que se estará a fazer um bom trabalho neste domínio, mas eu, que até já fui deputado municipal durante dezassete anos e que jamais deixei de acompanhar a vida autárquica, constato e juro que, desse trabalho feito, sendo francamente positivo, o mesmo fica muito aquém do desejado, designadamente das nossas melhores expectativas e necessidades vitais.

Também bem sei, que o PSD, durante oito anos – 2009/2017 –, não teve uma intervenção feliz nesta matéria, razão pela qual, desconhecer-se agora, se alguma mudança servirá para alterar qualitativamente o que quer que seja.

O que sei, e nisso concordo plenamente contigo, é que, no que concerne à Rede Viária, tal como também outrora já escrevi sobre este tema, é que não faz nenhum sentido, e é de elevado mau gosto, invocar quaisquer registos alusivos à problemática do saneamento como um factor de impedimento para executar apontamentos pontuais e sobremaneira apreciáveis no campo da reparação e da conservação nos locais onde essa premissa nem sequer se coloca.

Mas o que mais me leva concordar contigo, é o que escreveste sobre a temática da mobilidade, designadamente sobre os transportes urbanos entre as freguesias e as cidades do concelho.

Não sendo uma competência do município, a verdade é que o mesmo tem obrigações e competências para fazer diferente, sendo que o statu quo existente só evidencia uma enorme falta de sensibilidade política para se abraçarem novos caminhos de interação e de decisão municipais.

Também bem sei, que neste domínio – 2009/2017 -, o PSD não fez melhor, mas tendo em conta os inovadores programas de intervenção colocados à disposição e a que outros municípios pertinentemente já deitaram mão, teria sido possível fazer alguma coisa nesta frente.

Tudo em todo o lado ao mesmo tempo”, constitui uma mensagem futurista que nem todos estarão em condições de absorver, razão pela qual será melhor ficarmos por aqui.

Sabendo ambos, que é normal ver muitos actores autárquicos a sobrevalorizarem permanentemente o seu trabalho e quase sempre em constante detrimento do dos seus anteriores, e se mais não fora sob o processo e o efeito de deitar mão a vultuosos investimentos de imagem como forma de escamotear os seus verdadeiros feitos, deixemos que o tempo corra…, porque essa correria acabará por ditar o fim de todas as fantasias!

E eu, que continuando sem saber para onde vou, mas sabendo desde sempre que não vou por aí, apenas exclamo:

Continua Marta! Quem sabe se o que doravante continuares a escrever me irá servir de mote para futuras crónicas.

Até lá Marta. É muito bom que escrevas e que tão cedo não largues a caneta.   

José Quintela

OBS: Texto escrito segundo o anterior Acordo Ortográfico

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