O Carnaval está à porta, as eleições autárquicas também e não resisto a estabelecer esta comparação. O Carnaval é uma festa que remonta aos tempos medievais, que consiste num festejo de cerca de três dias, onde o habitual se torna excecional, onde as rotinas dão lugar a festa e a celebração, para a seguir os católicos mergulharem num período de reflexão, a que chamamos Quaresma.
Também após um período de estagnação, qual bela adormecida, onde o reino somou ervas daninhas, buracos e outros problemas, eis que o concelho se vê acordado para uma azáfama de obras, concretizações, projetos e soluções. Tal como o Carnaval, alguns dos problemas, como por exemplo a questão da falta de saneamento, quase remontam também aos tempos medievais, necessários e urgentes, há mais de 20 anos. Outro dos problemas é a falta de manutenção da rede viária, adiada sob o pretexto de fazer saneamento, sem que se percebesse o porquê da falta de manutenção, nos locais onde ele já existia.
É lamentável ainda estarmos a discutir questões essenciais como o saneamento e a acessibilidade, quando já devíamos estar a preparar planos de mobilidade. Há uma falta de transportes urbanos em Felgueiras, as pessoas esperam demasiado tempo por autocarros para se deslocarem dentro do concelho e este serviço pode e deve ser prestado pela autarquia, à semelhança de outros concelhos vizinhos, que já o fazem há bastante tempo como Guimarães, outras há menos, como Amarante, mas que adquiriu recentemente mais viaturas para servir a população. Embora este seja um custo no orçamento municipal, efetivamente é um serviço que se presta a população.
De facto, o concelho está a viver um momento excecional de atividade, de reparações e manutenções. A fazer lembrar a obra cinematográfica que ganhou o Óscar de Melhor Filme em 2023: “Tudo em todo o lado ao mesmo tempo”.
Ao contrário do Carnaval que só dura três dias, a preocupação em executar podia e devia prolongar-se durante os quatro anos de mandato, em vez de se manifestar só na época das eleições.
O histórico diz-nos que depois das autárquicas, voltaremos a mergulhar numa espécie de “jejum”, onde a satisfação das necessidades voltará ao mínimo e aquém do desejado.
Marta Rocha