Geralmente não escrevo neste espaço esperando qualquer resultado ou efeito nas pessoas.
Em primeiro lugar por presumir que será muito reduzido o número dos leitores que se dão ao ensejo de lerem artigos de opinião, neste ou em quaisquer outros jornais, e em segunda análise, por ser muito ínfimo o número desses que se disponibilizam para entrarem no espaço do debate ou da crítica construtiva relativamente ao teor de quaisquer textos de opinião aqui regularmente explanados.
Todavia, por não poder deixar de estar dentro da reflexão social e política é que periodicamente escrevo, não obstante saber de antemão de que pouco sou (somos) lidos ou considerados pelo que quer que se escreva.
Por isso é que, tal como outrora já aconteceu, vai crescendo dentro de mim um velho sentimento de parar, constituindo esse também um bom caminho para validar vontades que às vezes esmorecem.
Contudo, sendo enorme o dever de cidadania que desde há muitos anos a esta parte me puxa para este concurso, e sentindo também que ainda não chegou o tempo certo para interromper este formato de intervenção social, prometo continuar, se mais não for, tão só para poder divagar sobre a vida política, social e cultural do concelho, dando natural primazia às questões da sua vida autárquica.
Por conseguinte, tal como relatei na minha última crónica “Simbioses Estranhas”, vou nesta edição prestar algum enfoque às cidades e às vilas do concelho.
Começando pelas ultimas, não deixa de ser desolador verificar que a Vila da Longra, quase vinte e dois anos depois de ter conquistado tal estatuto, não tenha conhecido registos consequentes de algum crescimento sustentado, sendo deveras dececionante no presente, não contar ainda com um plano de sedução urbanístico suscetível de lhe conferir nova centralidade com vista ao seu desenvolvimento futuro. Sem uma nova centralidade, dificilmente a Vila da Longra progredirá mais, mais depressa e melhor!
Outrossim no que concerne à Vila de Barrosas. No caso em apreço, não por falta de centralidade, mas sim por ausência de novos e modernos planos de pormenor, onde um anel urbano de cariz paisagístico poderá e deverá vir a constituir-se em novos pólos de envolvimento social e de desenvolvimento urbanístico, em torno do primoroso e belo coração que tanto e tão bem ilustra o centro da vila.
Impondo-se, também, dedicar alguma reflexão no que respeita às cidades, valerá por agora genericamente formular o seguinte:
É pouco, e é abundantemente reduzida a intervenção municipal na cidade da Lixa, parecendo no presente, mais do que antes, de que a “Bela Adormecida” perdeu encanto, continuando a sofrer das dores do “Interior” que sempre se conheceram, não recebendo em correspondência com o que precisa e merece os investimentos estruturais de que tanto carece.
Continuando a faltar-lhe um Plano Global de Desenvolvimento Estratégico, é imperioso mudar de paradigma, pois não obstante o bom trabalho desenvolvido nos últimos anos pela atual Junta da União das suas freguesias, a verdade é que esta não pode responder pelo planeamento que à cidade tem faltado, impondo-se por isso, desenhar e implementar durante a próxima década novos polos centralizadores, sobretudo de índole paisagístico e de lazer, constatando-se agora alguma falta de imaginação e de vontade política para, pelo menos idealizar novos caminhos de desenvolvimento para um espaço geográfico que tanto reclama mais e melhores polos de inovação e renovação urbana
Finalmente, Felgueiras.
Carecendo de uma análise particular, reservarei especial espaço em próximas
crónicas para uma abordagem mais global, podendo-se dizer por agora, que
são manifestamente fracos ou insuficientes muitos dos sinais que se observam
com relação aos caminhos e desempenhos percorridos, com vista à criação
das condições necessárias para a obtenção de mais e melhores índices do seu
desenvolvimento sustentado.
Até lá.
José Quintela