Afinal o que é o bullying, que tanto se fala?
O bullying é considerado uma forma de violência que consiste em comportamentos agressivos, intencionais e repetidos, praticados por uma criança, jovem ou grupo (bully ou bullies) contra outra que não se consegue defender adequadamente.
O bullying não acontece apenas nas escolas, pode acontecer em qualquer lugar, até mesmo enquanto a criança ou adolescente está no conforto do seu quarto. A acessibilidade constante à internet também tem os seus dissabores e o cyberbullying (bullying provocado através da internet) é um deles.
Em Portugal, no ano letivo 2023/2024 a GNR registou 103 crimes de bullying, dos quais 12 de cyberbullying. Já a PSP registou 134 ocorrências criminais relacionadas com bullying e 30 com cyberbullying. No entanto, estes números estão provavelmente aquém da realidade sendo que muitos deles não são reportados.
A prática de bullying sempre existiu, não é algo atual, este tipo de episódios é possivelmente tão antigo quanto a existência das escolas. Quantas vezes já ouvimos “Aconteceu-me igual ou pior e não morri”, “É para crescerem/aprenderem a ser homens”, “Não me fez mal nenhum.” “Isso é normal, são coisas de crianças.” “Fica mais forte com estas coisas.”
O bullying não é normal. Não é suposto uma criança ou adolescente ser vítima de agressões físicas ou verbais num ambiente em que é suposto sentir-se seguro e ser protegido.
No meio desta forma de violência, muitas vezes não estão só presentes as vítimas e os agressores. Ao seu redor podem encontrar-se outros colegas.
O que temos observado nos últimos tempos é preocupante. Numa situação de perigo o primeiro instinto é… filmar. Embora, seja possível perceber que exista medo e não queiram também ser agredidos ou humilhados, ou que queiram “guardar provas” daquilo que está a acontecer, não deixa de ser alarmante terem como primeiro recurso o telemóvel.
A vítima, muitas vezes agredida e humilhada sente-se indefesa onde muitos são espectadores. Os vídeos comummente tornam-se virais na internet e a vítima terá de reviver continuamente aquilo que lhe aconteceu.
O que fazer para mudar este ciclo? É importante os adultos ensinarem às crianças e adolescentes como procederem neste tipo de situação.
- Procurar imediatamente um adulto de confiança para ajudar (professor, auxiliar, pais).
- Não incentivar o agressor (algumas crianças ou adolescentes podem ter tendência a cooperar com receio de represálias)
- Explicar que ao ter um papel passivo (não fazer nada) está a reforçar/compactuar com o comportamento do agressor, pois muitas vezes estão a dar a atenção e aceitação que o agressor procura
- A educação emocional é essencial, aprender a reconhecer o que sente e a lidar com as suas emoções
- Reforçar valores como o respeito, responsabilidade e empatia
- Responder com agressões ao bully, não é solução.
Não é uma situação fácil de lidar enquanto criança ou adolescente, mas é algo que deve ser abordado em casa e na escola para saberem como agir.
Quando o bullying tem lugar na escola é essencial realçar a importância de a comunidade escolar ter um papel ativo, pois ao desvalorizar este tipo de situações, apenas as reforça e torna os bullies impunes de consequências dos seus atos.
“Aprender a colocar-se no lugar do outro, a ver através dos seus olhos, é assim que começa a paz.” (Barack Obama)
Marcela Leite