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Quantas luzes são precisas para se ver o Natal?

O Natal, antes modesto, tornou-se uma época de excessos. Em Felgueiras, na Lixa e noutras localidades, até as ruas mais pacatas estão repletas de luzes e enfeites, com cones gigantes forrados a LED imitando árvores, e sugerindo que o espírito natalício provém dessa artificialidade.

Esta quadra, refém do consumismo e do marketing agressivo, regista em dezembro um aumento das compras em 26% face à média anual. Grande parte do que é comprado não sobrevive ao entusiasmo inicial – brinquedos descartáveis, embalagens excessivas e papel de embrulho que terminam no lixo. Além disso, 30% da comida preparada é desperdiçada, contrastando com a dura realidade de tantas famílias, algo inaceitável numa sociedade que se diz evoluída.

Este panorama atual de excessos não é animador. Contudo, podemos ter esperança nas próximas gerações e oferecer-lhes uma visão condizente com um mundo sustentável, baseado numa economia circular. A felicidade é fugaz quando dependente destes bens supérfluos. O valor do Natal reside nas memórias que construímos, no amor familiar e na solidariedade.

Do ponto de vista da gestão pública, mesmo reconhecendo o valor das atividades culturais, não seria mais interessante transformar o brilho oneroso das luzes em iniciativas mais genuínas, como programas de apoio social?

Apesar dos discursos de solidariedade dos partidos do executivo municipal, as políticas locais acarinham mais o espetáculo do que a substância. Alguns exemplos como a ceia de Natal para pessoas que vivem sozinhas, na freguesia de São Victor (Braga), ou a distribuição de pinheiros provenientes de regeneração florestal excessiva, em Viana do Castelo, podem servir de inspiração para Felgueiras.

O Natal é como uma árvore, ou regamos as raízes (valores como solidariedade, partilha e respeito pelo próximo) ou ficaremos apenas com LEDs e plástico, mas sem vida. Este ano, torço para que o brilho venha das nossas ações e não apenas da eletricidade.

Votos de um ótimo Natal, com poucas prendas, mas com muito amor.

João Paulo Sousa

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