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Disparates Solenes

Na passada segunda-feira, a Assembleia da República reuniu-se para celebrar o 49º. aniversário do 25 de Novembro.

Se fosse pela primeira vez, aos 50 anos, até se compreenderia, mas tal como se viu e sentiu, esta celebração não fez nenhum sentido, a não ser para o CHEGA que, oportunisticamente a aproveitou em todos os seus domínios, para continuar a destilar o seu conhecido veneno.

Sendo uma data para recordar e refletir sobre ela, não é, nem nunca o irá ser, uma data para celebrar o que quer que seja, e pelo que se verificou, o seu fim natural já se encontra proclamado a prazo.

De facto, não havia necessidade, sendo esse o pensamento dominante dos portugueses sobre a sua oportunidade, realização e prosseguimento.

Tendo chegado de Luanda a Portugal uns dias antes do 25 de Novembro de 1975, depressa me entrosei com o ambiente político que se vivia, de resto muito quente e com os desenvolvimentos diários que impressionavam.

Lembro-me de ter participado numa reunião onde a vontade dominante era de participação nos movimentos que estavam a decorrer, mas, também, onde a disciplina partidária imperou, mostrando à sociedade que o PCP nada tinha a ver com a irresponsabilidade desse movimento em curso e que os devaneios esquerdistas aí centralizados só iriam servir para trazer problemas ao processo revolucionário em curso.

Foi, de resto, tudo isso o que acabou por acontecer.

O PCP, que não quis envolver-se no golpe porque detestava confusões com os esquerdistas, embora sendo um dos vencedores desse processo, acabou por ser o mais prejudicado, por injustamente ter ficado ligado ao desenvolvimento de uma contenda aventureirista que não conduziu, não alimentou, ignorou e até repudiou.

Por conseguinte, continua a ser um delírio por parte de todos aqueles que continuam a pensar e a afirmarem que o PCP teve responsabilidades no desenvolvimento dos atos que deram lugar ao 25 de Novembro.

Tanto mais, por isso não corresponder à verdade e por serem mais que muitos os testemunhos falados e escritos em sentido contrário.

Contudo, foi muito penoso assistir aos discursos dos deputados que tal celebração propuseram ou aprovaram, e até a aula dada pelo presidente da República sobre tal matéria, não constituindo novidade, acabou por demonstrar que, quer a mesma, quer o motivo que provocou tal ensejo, não serviram para coisa nenhuma.

O 25 de Novembro não reduziu nem jamais retirará qualquer importância ao 25 de Abril, porque esta data foi única e porque depois dela muito de bom aconteceu no país, não tendo perdido por via daquela data nenhuma das conquistas que os Deputados da Constituinte já haviam consagrado.

Por isso, se o 25 de Novembro, à época, não retirou nenhuma importância ao 25 de Abril, não seria agora, que um ato solene bafiento o iria conseguir fazê-lo, apesar de serem essas as melhores expetativas dos protagonistas da mesma.

Por bem, e para o bem geral, o que mais importa no dia 25 de Novembro de 2024, não foi, por certo, a disparatada sessão solene que aconteceu em Lisboa, mas, tão só, a celebração do Dia Internacional da Violência Contra as Mulheres, essa sim, uma celebração com elevado significado político para sarar feridas passadas e procurar evitar outras, no futuro, em detrimento da inusitada celebração que aconteceu no Parlamento e que uns tantos nos querem continuar a impor, mas, que, como é óbvio, NÃO PASSARÁ!

José Quintela

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