Andreia Cunha é natural de Torrados, tem 39 anos, e é esteticista há dezoito. Nunca ambicionou ter um espaço próprio, mas a pandemia levou-a a abrir o seu salão “Andreia Cunha Estética”.
Apaixonada pelas artes desde que se lembra, Andreia Cunha encontrou na estética não apenas uma profissão, mas uma forma de cuidar e transformar vidas. Foi ao trabalhar num salão de cabeleireiro, que descobriu o gosto pela estética e decidiu abraçar esta paixão. Em cada serviço traz vida e alegria aos seus clientes, aliadas à cor das unhas e maquilhagens que faz. É no atendimento ao público que encontra a realização pessoal e a aprendizagem, através das conversas com os seus clientes, com quem mantém uma relação de amizade. A esteticista esteve à conversa com o SF Jornal, trazendo a sua história de vida para mais uma rúbrica sobre as nossas gentes.
Sempre quis ser esteticista? Quando é que reconheceu essa vontade?
A área da beleza é algo que me fascina, desde que me recordo. Embora que o meu primeiro emprego tenha sido enquanto administrativa numa agência de seguros, mas era uma área que não me preenchia, tendo acabado por sair. Foi então que arranjei trabalho num salão de cabeleireiro, naquela época fazia de tudo um pouco, mas principalmente o que respeitava à parte estética, creio que foi aí que reconheci o gosto por esta área.
De onde é que vem o gosto pelo cuidado do outro?
Sempre gostei de me arranjar e de cuidar de mim [sorri]. Gostava muito de ser eu a fazer tudo, na altura achava que só eu é que era capaz de fazer como eu queria, muito devido ao meu perfeccionismo. Acho que sempre tive jeito, apesar de não ter formação na área quando comecei a trabalhar. Posso dizer que começou pelo gosto de cuidar de mim, depois no salão comecei a explorar o gosto pelo cuidado do outro e fui investindo em formações para aprimorar o meu conhecimento técnico e entregar o melhor possível aos meus clientes.
O que mais a apaixona no seu trabalho?
Sem dúvida o atendimento ao público! Adoro o contacto com as pessoas e ser esteticista, para mim, não é só cuidar da beleza, é também cuidar da mente, muitas vezes acabamos por ser amigas e psicólogas. Esse contacto diário, para mim é tudo, aprendo muito com os meus clientes, a cada conversa, a cada troca de experiências. Não me imagino a trabalhar sem ser com pessoas. Ser esteticista é também cuidar do outro, mimar e tratar-lhe da autoestima, porque para além de arranjarmos unhas, sobrancelhas e fazermos maquilhagens, acredito que também aumentamos a autoestima do cliente. Quantas vezes tenho uma cliente que vem cabisbaixa e vai daqui de unhas arranjadas, sobrancelhas feitas, e me diz que mudou totalmente o seu estado de espírito, e não é só pela parte estética, mas também porque desabafou.
É esteticista há 18 anos, tendo aberto o seu espaço Andreia Cunha Estética há quase cinco. Porque é que decidiu abrir o seu próprio estabelecimento?
Ainda que trabalhe há 18 anos como esteticista, parte desse tempo realizei-o em part-time, conciliando com o trabalho na fábrica de calçado do meu pai. Mas a pandemia veio alterar muita coisa, fechou tudo, a indústria do calçado fraquejou um bocadinho, foi então que parei e comecei a pensar. O que é que eu posso fazer por mim? Aí decidi fazer aquilo que mais gosto, porque na verdade nunca tinha tido a ambição de ter um espaço meu. Foi mesmo a pandemia que me fez parar e pensar, bem, está na hora de dar uma reviravolta à minha vida. Confesso que tinha algum medo, até porque começaria num espaço do zero, em Airães, onde não era conhecida e ninguém conhecia o meu trabalho e, então tive algum receio, porém, depois de muito ponderar, decidi abrir o meu espaço e não estou nada arrependida.
Quais são as dificuldades que enfrenta no seu dia a dia?
O maior desafio é manter a qualidade máxima do meu trabalho, entregar o meu melhor aos clientes. Trabalhar a beleza é também acompanhar as tecnologias, as tendências, estar sempre informada e acompanhar a evolução do próprio setor. Tento estar sempre adaptada, não posso parar de investir na evolução. Se parar é a morte do artista [conclui convincente].
Quem são os seus braços direitos, no trabalho e na vida?
Na vida, sem dúvida o meu marido, que está sempre comigo, nos altos, nos baixos, nas derrotas e nas vitórias, a minha filha e a minha família que são os meus pilares. No trabalho, os meus clientes que confiam em mim todos os dias e a quem sou muito grata e com quem estabeleço uma bonita ligação de amizade. Recebo-os sempre de braços abertos!
Com quase duas décadas como esteticista, o que continua a apaixoná-la pela profissão?
A arte e o reconhecimento. A arte mexe comigo, permite-me fazer coisas novas todos os dias, o que também é um desafio, não há nada como nos sentirmos desafiadas. A oportunidade de entregar a arte na estética é algo que me realiza e reflito que quando o comecei a fazer senti-me transformada e, de certa forma, encontrei-me. Não há nada como receber elogios dos nossos clientes e ver nos seus olhos a felicidade e a elevação da autoestima no fim de um serviço. Principalmente, quando me abraçam e me agradecem, aí o reconhecimento mexe muito comigo [com brilho no olhar].