Desde que tenho memória, que os Estados Unidos da América ditam tendências. Quando alguma coisa se torna popular do outro lado do oceano, é só uma questão de tempo até ser aqui também. Enquanto esperávamos pelos filmes, pela música, Halloween e Black Friday, podíamos dormir descansados. O problema coloca-se quando a tendência são os psicopatas, a inflação e as preocupações sociais.
Depois dos resultados eleitorais americanos, fica difícil não fazer comparações. O cancelamento de Trump não funcionou! E a tentativa de o anular politicamente por parte da comunicação social também não foi bem sucedida, pelo contrário. À semelhança do que aconteceu com André Ventura, que também saiu reforçado das eleições legislativas, depois de ser ridicularizado pelos supostos influenciadores.
Se a sociedade fosse um doente, e os políticos e comentadores fossem o médico, o diagnóstico tinha sido um erro e a medicação desadequada, porque ignoraram os sintomas. Donald Trump revelou ser para a maioria do povo americano o anti-inflamatório, apesar da azia que provoca, porque sabe onde tem de atuar.
Auscultar as populações é essencial, identificar o problema é parte da solução. Com esta preocupação em mente e sobretudo a de salvaguardar a manutenção do poder nas eleições autárquicas que se avizinham, também o executivo municipal desenvolveu a iniciativa “Prestar contas às freguesias”. Que pese embora seja positiva, não é inocente e traduz-se mais numa campanha política, do que num “check up”. A inegável gestão discreta e aquém das expectativas do “sim acredita”, nos últimos anos, foi substituída por propaganda e promessas. Restará saber se convence, como Donald Trump, ou se vai ser mais do mesmo, como Kamala Harris.
Marta Rocha