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Novo reitor de Santa Quitéria pretende um santuário acolhedor “de misericórdia e de esperança” (COM VÍDEO)

O Santuário de Santa Quitéria recebeu um novo reitor, o Pe. João Soares, que assumiu as suas funções num dia especial, dedicado aos Arcanjos, especialmente São Miguel, uma figura de grande devoção na região Norte.

Natural de Serzedo, Guimarães, João Miguel Soares viveu em Vila Fria desde os seis anos, onde começou a sua jornada espiritual com a Congregação da Missão.
“O Pe. Albertino era meu pároco na altura e por volta dos 15 anos fez-me o convite de ir para o seminário. Na verdade, com 15 anos nem sequer tinha maturidade suficiente para perceber o que era um seminário, mas como sempre tive uma ideia de arriscar e de não ter medo, lá fui,” recorda, numa entrevista em vídeo realizada pelo SF Jornal.

Após estudar no Porto e completar os primeiros anos de universidade, continuou a formação em Itália e Espanha, onde aprofundou a vocação.

Uma experiência missionária em Moçambique reforçou ainda mais o seu compromisso. “Foi uma experiência muito profunda que reafirmou muito a minha vocação, do que eu queria ser,” disse.

Ordenado sacerdote em plena pandemia, em 2020, no Seminário de São José, em Felgueiras, o Padre João Soares descreve-se como o “padre pandémico”. “Foi a primeira ordenação da COVID-19, na altura. Foi uma relação muito simples, mas muito com os irmãos, família, mas muito sentida, porque foi muito especial,” relembrou.

Quando questionado sobre o motivo de ter escolhido o sacerdócio, fez questão de frisar que foi a vocação que o escolheu.

“Eu sei que às vezes na nossa vida dizem-nos ‘até tem jeito para isto, tem jeito para aquilo’, mas só sei que não fui eu que escolhi a vocação, foi a vocação que me escolheu”. E acrescentou:
“A vocação sacerdotal é aquela que realmente me define como pessoa e, portanto, gosto de fazer mil e outras coisas, mas nada seria se não fosse padre”.

“A vocação sacerdotal é aquela que realmente me define como pessoa”

A sensibilidade pelas Artes

O sacerdote vicentino também é conhecido pelo seu apreço pelas artes, algo que se reflete na sua pastoral. “Costumo dizer que há modelos de padres, somos todos diferentes porque somos pessoas totalmente diferentes. E ainda bem que assim é, porque senão a Igreja seria muito monótona. Mas tenho uma forma de estar, pelo menos para mim, de que Deus é bem, é bondade, mas também é belo,” afirmou, acrescentando que a beleza de Deus é uma fonte de inspiração.

A liberdade de ser missionário

Sobre a escolha entre ser pároco ou missionário, revelou que nunca quis ser pároco porque a paróquia sempre lhe pareceu algo estático e formatado. “Torna-se muitas vezes uma estrutura pesada, porque tem a catequese, a pastoral social, a pastoral litúrgica e parece que não se pode irromper por outras vias,” explicou.

Ser missionário, por outro lado, oferece uma liberdade maior. Estou onde Deus queira que eu esteja, onde for preciso estar. E isso dá-me uma maior liberdade que na via diocesana”, afirmou.

“Ele [Padre Pereira] transmite uma paz enorme e de uma alegria e de uma liberdade enormE”

O legado do Padre Pereira “uma figura carismática e de grande proximidade”

Ao assumir as funções de reitor, o Pe. João Soares sucede ao Pe. José Pereira, uma figura carismática e de grande proximidade na congregação. “Já foi meu diretor espiritual, é meu irmão de comunidade, está aqui comigo. Ainda no sábado, celebrou no Santuário e, portanto, estará sempre por aqui. Esta é também a casa dele e, portanto, não é uma coisa minha,” afirmou.

E acrescentou:
“Ele transmite uma paz enorme e de uma alegria e de uma liberdade enormes. Sempre foi assim na sua vida e nota-se. É um homem livre, quero aprender com ele a ser livre e, sobretudo, a ser um homem de Deus e a transmitir Deus”.

A bênção pontifícia para o Santuário de Santa Quitéria

Nos primeiros dias em funções, o novo reitor anunciou que o Santuário de Santa Quitéria foi agraciado pelo Papa Francisco com a bênção pontifícia, “um sinal de que o santuário é um lugar onde se acolhe a bênção de Deus”, frisa.
“Quero que seja um lugar onde recebemos a bênção de Deus e onde todos possam ser agraciados com a bênção de Deus. E há uma ligação mais forte com o Santo Padre”, acrescentou.

Que podem esperar do novo Reitor?

Quando questionado sobre o que se pode esperar dele como reitor, o Pe. João Soares começou por afirmar “muita normalidade”, frisando que não quer criar grandes expetativas.

“Foi algo que aprendi, a não colocar muitas expetativas. Acho que com a idade e com a experiência notamos que quando criamos muitas expetativas, sofremos muito mais, porque achamos que temos que fazer e conseguir. E às vezes as coisas não são tanto no fazer, mas mais no estar presente, falar com as pessoas, estar com elas e próximo delas,” explicou.

Por outro lado, recorda que o santuário deve ser um espaço propício à oração e à contemplação do belo. “É um lugar onde está a misericórdia de Deus, onde realmente se pode celebrar a Eucaristia.
“É um espaço propício à oração, mas a oração também pode ser através da contemplação e a contemplar o belo. Acredito nisso, e a confraria está unânime, trabalharemos para que se possam realizar algumas coisas diferentes”.

Reflexões sobre a Igreja e a Sinodalidade

Quando questionado sobre a Igreja no contexto do Sínodo e a sinodalidade, o Padre João Soares refletiu sobre a necessidade de mudança e conversão pessoal.

“Enquanto não houver uma conversão pessoal de cada um, não há mudança que possa existir,” afirmou.
Reconhece, também, que o conservadorismo é um obstáculo na Igreja. “As pessoas não se converteram, cingem-se muito à forma e não ao conteúdo. Ou seja, até ouvem, vão à missa, acham uma palavra bonita, a reflexão dominical até pode tocar em alguma coisa, mas não as converte. E isto é um problema na Igreja. Temos muita gente crente, mas poucas pessoas com fé,” afirmou.

E destaca a diferença entre ser crente e ter fé. “Crentes porque vão à missa, porque socialmente é aceitável, porque até é bom por preceito, por até uma certa, digamos, superstição. Mas depois, ao exigir-se uma mudança e uma conversão pessoal de cada um, aí já é difícil tocar. E eu acho que este é o grande problema da Igreja. E o Papa tenta lutar contra isto” explicou.

Questionado sobre a falta de jovens na prática religiosa dominical, respondeu com uma perspetiva realista. “Eu não tenho medo de sermos poucos, tenho medo de sermos péssimos e maus. Isso é que tenho medo.

A Igreja não é uma realidade de massas, a Igreja é um grupo que se reúne. Começamos com poucos e acabaremos com poucos. Mas o importante é sermos convictos e bons nisso,” afirmou.

Por outro lado, enfatizou que a Igreja deve adaptar-se às novas formas de linguagem sem perder a sua essência. “Claro, pode falar de outras formas de linguagem, a Igreja tem que se adaptar às novas formas de linguagem. Agora, não pode é perder a essência daquilo que é”.

“Vou falhar, e eles vão falhar. Mas é assim que aprendemos: na tentativa e no erro”

Jornada Mundial da Juventude: Um legado e um desafio para a Igreja

No ano passado, Portugal sediou a Jornada Mundial da Juventude (JMJ), um evento que reuniu milhares de jovens e deixou uma marca significativa. O novo reitor refletiu sobre o desafio de transformar essa experiência numa presença regular dos jovens na igreja, destacando a resistência em passar-lhes responsabilidades, o que impede novas ideias de florescerem.

A solução é confiar nos jovens e “permitir que assumam responsabilidades”, aprendendo com os erros, frisou.

“Vou falhar, e eles vão falhar. Mas é assim que aprendemos: na tentativa e no erro”.

Em jeito de conclusão, compartilha a sua visão para o Jubileu de 2025, inspirado pelo último jubileu do Papa Francisco, que destacou a misericórdia de Deus. “Queremos que o santuário siga essa linha, que seja um lugar onde as pessoas possam encontrar a misericórdia divina, especialmente através dos sacramentos, como a reconciliação”, afirma.

E acrescenta:
“As pessoas estão muito desanimadas e precisamos dar-lhes esperança. Isso não se dá apenas através dos sacramentos, mas também através de uma presença acolhedora e de alguém que as ouça e ofereça palavras de conforto”.

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