Quando regressamos de férias, é natural que muitos de nós sintam sensações algo estranhas, porventura até de abatimento, porquanto, ainda antes e desde logo, só passamos a ouvir incessantemente a palavra rentrée, sem que isso signifique algo de novo comparativamente ao que antes vivemos, mas sobretudo com relação ao que quer que seja.
É verdade, que ao nível nacional, depois das festas do Pontal e do Avante, e ou, das jornadas políticas do PS, do BE ou do Chega, são crescentemente menos e poucos os que sentem qualquer coisa de novo a que valha a pena prestar particular relevância, uma vez que, tal como todos os anos acontece, é o Orçamento Geral do Estado que passa a dominar todas as atenções possíveis.
Todavia, tendo em conta o ano eleitoral autárquico que se avizinha, seria de bom grado que no quadro da época outonal que já vislumbramos, pudéssemos assistir a algumas rentrée’s políticas de âmbito local, porque, essas sim, continuam a fazer imensa falta, ainda que se traduzissem em pequenos registos de alguma actividade política no e para o concelho.
É que, como bem se sabe, todos os anos é a mesma coisa. Muito ruído no âmbito nacional a par de coisa nenhuma ao nível local.
Contudo, tendo em conta a valorização do processo eleitoral autárquico previsto para o próximo ano, seria de supor que no panorama concelhio já se começassem a desenhar alguns sinais de verdadeira actividade política, sendo que sobre essa matéria, e desde há muito tempo a esta parte, a política local tem sido tão só uma magnífica miragem.
Na verdade, desde as ultimas eleições autárquicas – Outubro de 2021 -, não tem havido actividade política digna desse nome. Essa continua a ser feita apenas no âmbito da intervenção municipal, nomeadamente aquando da reuniões da Assembleia Municipal e nada mais.
Da Câmara Municipal, o PSD, que em 2021 se viu reduzido para dois vereadores não dá quaisquer sinais de vida, tendo-se diluído no meio de um corpo celeste que, tal como um dos últimos que recentemente nos iluminou, acabou por desaparecer algures no mar espanhol…
E na Assembleia Municipal, onde se esperaria mais visibilidade e mais intervenção política com qualidade, o PSD, tem-se perdido numa atmosfera nebulosa de prestação de serviços mínimos, relevando durante anos a fio a sua falta de imaginação para fazer política, antes e depois das correntes sessões da Assembleia Municipal.
E se ainda nos lembramos da jornada eleitoral autárquica de 2021 no concelho, com certeza que ainda não deixamos de ter presente as pretensiosas ações de qualidade e de formato demonstradas pela Iniciativa Liberal e pelo Chega, mas depois dessa, como se viu e se presencia, só um clamoroso desaparecimento resta, para, e por certo, sapenas voltar a aparecer pouco tempo antes das próximas eleições municipais..
E a não ser, que o PSD, atempadamente analise e veja se tem interesse constituir uma coligação municipal com a IL – com o Chega jamé -, e por esta forma poder aumentar o valor da sua futura prestação política, é imperioso que desde já consiga projectar uma presença de mais qualidade e um discurso mais combativo junto e em direção à actual regência municipal.
Por sua vez, sendo a prestação da CDU crescentemente mais diminuta, como bem demonstraram os resultados eleitorais por si obtidos no ano de 2021, será de esperar mais do mesmo, já que em termos de actividade política municipal nada, nada mesmo se tem notado.
Por último – sabendo-se que o CDS já não conta e que só poderá continuar a ter algum palco ao colo do PSD -, resta o Bloco de Esquerda, o qual cometeu um erro monumental no ano de 2021, ao não concorrer às eleições para Câmara e Assembleia Municipais, aceitando que o seu potencial eleitorado se esfumasse em candidatos e candidaturas contra-natura com relação à sua importância, valor e dimensão políticas.
Sendo certo que há erros que se pagam caro, será de esperar que o Bloco de Esquerda, apesar de não ter vida política no concelho ao longo de uma imensidão de anos, saiba corresponder às suas responsabilidades, não permitindo que a acomodação daqueles que já não contam continuem a determinar o caminho das suas decisões, e que em tempo útil, comece a perceber e a mostrar, o quanto será importante para a sua sobrevivência política, ter, manter e aumentar a sua presença e a sua representatividade nos orgãos do Poder Local, nomeadamente no concelho e no país.
José Quintela