A ascensão e queda de partidos políticos “conservadores, liberais e personalistas” são fenómenos que merecem uma análise cuidadosa, especialmente quando essas organizações se desintegram devido a uma combinação perniciosa de más lideranças, desvios ideológicos, nepotismo, amiguismo, clientelismo, ignorância, falta de humildade e transparência.
As práticas de gestão meritocráticas são fundamentais para o crescimento de partidos políticos e para o desenvolvimento de um país, mas, em Portugal, chocam com traços atávicos de mentalidade.
“Sofocracia”, derivada de “sophrosine”, significa a virtude da moderação e representa uma antiga teoria política defendida por Platão em “A República”. Nesse sistema, apenas aqueles que contemplaram a ideia do Bem, os filósofos, estavam aptos a governar.
Ao longo da história, vários movimentos conservadores surgiram com promessas de estabilidade, ordem e respeito às tradições. No entanto, quando esses princípios são deturpados, a confiança das pessoas nas instituições e nos políticos é minada.
A crítica é clara: “Vamos acabar com a corrupção e os tachos.” Contudo, é necessário olharem primeiro para dentro das suas próprias organizações.
A concentração de poder em indivíduos carismáticos, mas ignorantes e invejosos, transforma partidos em “partidos de um homem só”. Esse “culto do líder” é um sinal de fraqueza, sustentado por uma falta de coerência e uma submissão irracional. Como Edmund Burke, um dos pais do conservadorismo moderno, defendia, a política deve ser guiada pela prudência e reflexão, não pela veneração de fíguras messiânicas.
Quando partidos abandonam as suas raízes ideológicas por ganhos políticos de curto prazo, como observado ultimamente em alguns casos aonde partidos guinaram à esquerda, isso desilude profundamente os militantes e eleitores. Roger Scruton ressalta que a essência do conservadorismo reside na valorização das tradições e na cautela diante de mudanças abruptas. Desviar-se desses princípios significa perder a própria alma ideológica.
“Portugal precisa de uma limpeza!” Comecem por limpar dentro da própria casa.
Além disso, a colocação de indivíduos incultos ou com déficit de conhecimento em cargos estratégicos é alarmante. Isto prejudica a formulação de políticas eficazes, gera desconfiança e promove o caos. A transparência é fundamental, e a sua falta resulta em alienação, traição e em alguns casos, a implosão.
A implosão de partidos devido a mentiras, saneamento de vozes discordantes, más lideranças, ignorância e perseguição é uma tragédia, mas também é uma oportunidade para a renovação. É vital que estes partidos relembrem os ideais de Burke e Scruton, aderindo a princípios de integridade, prudência e respeito pelas tradições para reconstruir a confiança pública.
“Prefiro morrer pelos meus ideais do que sucumbir pela covardia”
Jorge Miguel Neves