O presidente da Comissão de Festas das Vitórias 2024 disse hoje ao SF Jornal que a decisão dos proprietários de diversões mecânicas de recusarem a instalação dos seus equipamentos num novo local na Praça do Comércio é um “não assunto depois de terem tido cinco meses para indicarem que estavam de acordo, ou não, com as alterações quanto à sua localização”.
Hélder Coimbra explicou a comissão decidiu implementar, este ano, alterações “há já muito pensadas e discutidas” para as Vitórias na distribuição de espaços das festas, nomeadamente com a instalação do palco principal e uma zona de bebida e degustação na área superior da praça e a mudança das diversões para a plataforma inferior.
“Para 2024, assumimos que seria um ano de mudanças e falamos com todos os intervenientes, nomeadamente com os operadores de diversões, numa reunião realizada em março”, acrescenta.
O organizador explicou que “nem todos os proprietários de divertimentos saíram da reunião animados, mas aceitaram as novas circunstâncias”, ficando combinado que, numa reunião posterior se fariam as marcações dos lugares.
As mudanças propostas visam, sobretudo, “atrair mais público e melhorar a dinâmica das festas”, nomeadamente com a realização de concertos diários, bem como melhorias nos espaços, circulação e na segurança.
Numa reunião realizada no dia 10 de agosto, os operadores surpreenderam os organizadores, exigindo a manutenção dos locais habituais e ameaçando não participar caso suas exigências não fossem atendidas, adianta o presidente da comissão de festas.
Uma nova reunião foi realizada no dia 17 de agosto, a pedido dos proprietários, em que também participaram comissários das festas de 2025, mas sem avanços significativos, explica Hélder Coimbra”.
“É um não assunto. Tivemos o cuidado de explicar as mudanças, há cinco meses, numa reunião onde que pedimos que, caso não aceitassem as alterações ou que, por qualquer motivo, não pudessem vir, nos informassem, com tempo para organizar a nossa vida e a deles”, frisa, recordando que praticamente todo o processo de licenciamento e distribuição de espaços está concluído.
“Acreditamos que a nova disposição vai atrair mais gente, porque este ano grande parte da festa será na Praça do Comércio e explicamos que irá trazer aqui mais público, com espetáculos diários, e sem dúvida mais clientes para as diversões, mas acabaram por ser intransigentes”, acrescenta.
O organizador adiantou que, neste momento e perante a situação, a comissão está a ponderar e a explorar alternativas que, pelo menos, proporcionem alguma atividades para os mais novos.
“Não é de bom caráter fazerem estas exigências a 15 dias das festas”, concluiu.
“Alterações foram impostas sem possibilidade de negociação” – APED
Num comunicado enviado ao SF Jornal, o vogal da direção da Associação Portuguesa de Empresas de Diversões (APED), Francisco Bernardo, começa por ressalvar que nenhum operador tem interesse “em mandar na vontade de quem manda e tomou decisões no sentido das alterações efetuadas na organização do espaço para a edição 2024 das Vitórias”.
“Contudo estes empresários têm que antecipadamente avaliar o impacto financeiro que essas alterações podem vir a provocar na gestão das suas empresas. Estes só tem este meio de sustento, e a não ser rentável, têm que desistir deste exercício de atividade”, acrescenta.
Salientando que as alterações foram “impostas aos operadores sem qualquer possibilidade de negociação”, o dirigente empresarial indica que a nova disposição de zonas não traz benefícios para os visitantes, nem representa melhorias nas condições de instalação e segurança.
Pelo contrário, afirma que a decisão aparenta favorecer a gestão e exploração de espaços de bebidas e restauração “que beneficiarão com a nova localização dos espetáculos”, acrescenta.
Salientando que “o benefício de alguns não deve ser o prejuízo de outros”, a APED recorda a presença destes equipamentos nas festas “é benéfica tanto para os operadores quanto para as organizações”, pois aumenta o interesse dos visitantes, que regressam ano após ano em busca de atividades exclusivas do contexto festivo.
Ressalva, ainda, que o setor está bem organizado e que será “difícil, senão impossível”, encontrar alternativas que garantam a instalação destes equipamentos, salientando que o que comissão chama de cartel (num comunicado publicado nas redes sociais) é antes o respeito entre empresários que “não gostam de se ver condicionados em exercer a sua atividade, para suportar os interesses financeiros de quem se esconde atrás deste tipo de organizações com vista a favorecimentos pessoais”. E acrescenta:
“Os empresários de diversões esperam que a comissão reconsidere de forma a que não exista o prejuízo das partes envolvidas”.