Nos últimos meses, o município tem-se destacado por uma comunicação não apenas ativa, mas quase hiperbólica, promovendo as suas atividades com um fervor inédito. A metamorfose é evidente, especialmente quando contrasta com a postura mais reservada de anos anteriores. Esta nova abordagem leva-me a questionar: porquê agora?
Estamos a pouco mais de um ano das próximas eleições autárquicas, marcadas para 2025, e este facto é inegável ao analisarmos a súbita alteração na estratégia de comunicação do município. A proximidade das eleições sugere que esta campanha de constante promoção possa não ser uma simples estratégia de comunicação, mas sim uma pré-campanha eleitoral escondida à vista de todos, como uma cortina de fumo que disfarça intenções políticas.
Um dos pontos de destaque desta mudança foi a utilização da página oficial do município para divulgar comunicados em nome do Presidente da Câmara, Nuno Fonseca. Esta prática é eticamente questionável, uma vez que a página institucional deve servir para informar a população sobre questões de interesse público e sobre posições de todo o executivo, elementos máximos à frente dos desígnios do município, e não para promover figuras políticas individuais. A utilização de recursos públicos para fins pessoais ou de campanha é uma questão séria e que exige um escrutínio rigoroso.
Nos últimos sete anos, a comunicação a que assistimos foi mais discreta. Esta ausência de promoção pode ter várias explicações, desde uma possível falta de realizações dignas de nota até uma estratégia deliberada de manter um perfil baixo, tal como um estratega que aguarda o momento certo para mover as suas peças no tabuleiro. Contudo, a súbita explosão de publicações sugere que há algo mais subjacente.
À luz das eleições de 2025 e dos alegados escândalos que envolvem o executivo atual, esta estratégia parece ser um prelúdio cuidadosamente orquestrado para o ato final. O futuro revelará se esta estratégia será eficaz, mas é essencial que os Felgueirenses estejam atentos e informados sobre as motivações por detrás desta súbita metamorfose comunicacional. A linha entre o serviço público e a propaganda comunicacional é ténue e não pode colocar em risco a integridade da comunicação institucional.
Bruno Fonseca Lobo
