No âmbito do Dia Internacional contra a Homofobia, Transfobia e Bifobia (IDAHOTB), assinalado a 17 de maio, o jornal SF partilha o testemunho na primeira pessoa da Esperança, mãe do Diogo. Servirá de base para uma reflexão no respeito pela diferença e sobre os desafios de uma comunidade que ainda tem muito a superar.
A comemoração marca a data em que a OMS – Organização Mundial de Saúde, em 1990, retirou a homossexualidade da classificação estatística internacional de doenças e problemas relacionados com a saúde.
Neste dia pretende-se valorizar e acarinhar a ideia de igualdade entre as pessoas, independentemente da sua orientação sexual.
Testemunho da Esperança:
“O meu filho Diogo contou-me aos 20 anos que não era como o irmão. Que não gostava de raparigas mas sim de rapazes. Que era gay. Isso aconteceu há 10 anos. Admito que no dia precisei de ficar sozinha e ter o meu espaço, não por ele amar pessoas do mesmo sexo, mas sim por medo e receio do que ele poderia vir a passar devido ao preconceito que ainda está muito presente na nossa sociedade.
No dia seguinte, conversei com ele, e disse-lhe que poderia contar comigo para tudo, e que iria ter o meu amor e apoio incondicional. A partir desse dia, a nossa relação fortaleceu ainda mais. Eu, por saber que o meu filho confiou e sentiu-se seguro para partilhar isso comigo, e ele por saber que a mãe o acolheu e o ouviu sem julgamentos.
Vivemos num meio pequeno em que todos se conhecem. Quando as pessoas começaram a saber, o meu filho começou a ser vítima da maldade das pessoas. Foi olhado de lado na rua, foi tema de conversa em cafés e na mesa de muitas famílias que apenas souberam apontar o dedo. Nunca dei importância ao que os outros iam pensar, acima de tudo a felicidade do meu filho era o mais importante.
Sinto-me orgulhosa por ver o meu filho a poder ser ele mesmo. E deveria ser sempre assim em todas as casas que haja um filho LGBT. A orientação sexual de uma pessoa nasce com ela, é uma característica dela. Da mesma forma que eu nunca escolhi ser heterossexual, uma pessoa LGBT também não escolhe.
Sei que para muitos pais é difícil compreender e aceitar e muitas das vezes isso deve-se ao que os outros vão pensar.
Ouçam os vossos filhos, e coloquem a felicidade deles em primeiro lugar. Nenhum pai e nenhuma mãe possuí um manual de como criar os seus filhos, e muitos erram ao tentar acertar. Todos nós estamos expostos ao preconceito, a boa notícia é que podemos procurar conhecimento, e internalizar os nossos ideais e nos desconstruir.
Esperança (55 anos)
Hoje, o meu filho está noivo do José e vão casar em breve, e para mim eles serão sempre os meus meninos que construíram e vão continuar a edificar a sua linda história de amor juntos. Não há melhor coisa na vida que ver a felicidade dos nossos filhos. E onde há amor não há espaço para o preconceito.
Continuam a existir pessoas excluídas e marginalizadas por serem parte de uma minoria, seja ela qual for. Será também nossa responsabilidade ter um papel na mudança deste paradigma.