José Barros Moura
No passado dia 25 de Março ocorreram os 20 anos do falecimento deste felgueirense que marcou uma geração de portugueses. Nascido em 1944, no final da II Guerra Mundial, seguiu o percurso académico em Coimbra, com brilhantismo, formando-se em Direito e participando nas lutas académicas do tempo da Ditadura e da Guerra Colonial. Seguiu o percurso de muitos jovens do seu tempo, filiando-se no PCP, acabando por se tornar deputado da AR e, mais tarde, Eurodeputado, vindo a exercer esse lugar como representante do PS. Desenvolveu uma intensa actividade no domínio do Direito de Trabalho e procurando enfatizar a importância da Cidadania Europeia, deixando alguns escritos sobre as Instituições da UE. A nível local, foi Presidente da Assembleia Municipal de Felgueiras e pude cruzar-me com ele num “workshop” sobre urbanismo em que participaram reputados técnicos como o geógrafo Álvaro Domingues, no contexto da comemoração da subida de Felgueiras a Cidade, era Presidente da Câmara Júlio Faria. Reconheci na sua pessoa um cidadão íntegro e exemplar. O complicado processo político que sucedeu ao mandato de Júlio Faria fê-lo desvincular-se do aparelho local e, de seguida, a doença viria a impedi-lo de desempenhar qualquer cargo, para uma perda enorme do país e do nosso concelho. Porque a sua marca de água era inequivocamente o sentido ético da “coisa pública”. E por isso, creio justíssimo que Felgueiras não esqueça um dos seus maiores. Estamos sempre a tempo de não deixar votar ao esquecimento um cidadão que fez do interesse pessoal o Bem Comum, os elevados valores da Cidadania Europeia, da Liberdade e da Democracia. Ou seja, os pilares dos Direitos Humanos. Fica a lembrança para que não caia em saco roto.
Assim se juntam estes dois homens, Moisés de Lemos Martins e José Barros Moura, tão diferentes e tão capazes de estabelecer um diálogo vivo nas grandes questões do mundo e da vida!
José Melo
