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Que não estraguem uns a razão de todos

Ouvi, há dias, numa entrevista à cientista Maria Manuel Mota, que, em tempos, uma colega lhe havia perguntado quando tinha sido a primeira vez em que ela tinha pensado que gostava de mudar o mundo. Sem resposta imediata, a própria colega logo lhe disse: “Para mim, foi quando eu tinha 6 anos e o meu pai me levou a primeira vez à escola. Olhou para mim e disse-me: este é o primeiro dia em que eu e a tua mãe te oferecemos as ferramentas todas que vais ter na vida para poder deixar o mundo melhor”.

De facto, quando falamos da Escola, não nos podemos esquecer, como às vezes parece acontecer, da importância do tema.

É imperioso, portanto, abordar com a mesma seriedade a questão da tão antiga “greve dos professores”. Não devemos, perante uma situação como a que tem acompanhado os Professores nos últimos largos anos, esquecer-nos de tudo o que significa ou que devia significar ser um Professor.

A verdade é que, quando se fala nesta profissão, há, pelo menos, uma conclusão a que todos chegamos rapidamente: a dignidade e a autoridade de que hoje goza a profissão são muito diferentes daquelas que, antigamente, gozava. Lembro-me bem dos meus tempos da Escola Primária, da saudosa Professora Albina, cujo rigor e postura que lhe eram característicos impunham um imaculado respeito e admiração.

Além disso, apenas por recurso ao que vamos vendo, ouvindo e lendo, percebemos que se acumulam os relatos de Professores que se encontram em situações de carreira indignas ou os casos de escolas onde faz falta tanta coisa.

Mesmo quem, como eu, não conhece profundamente o tema, não pode ignorar a razão dos argumentos e deixar de perceber que já não se tratam de situações pontuais que não representam o sistema educativo.

Confesso, porém, que temo que a forma de alguns prejudique o conteúdo de todos.
Quando se faz greve, é evidente que há consequências. Aliás, é esse mesmo o objetivo de uma greve: provocar danos com o objetivo final de que as vozes ignoradas sejam ouvidas. No entanto, é necessário ter consciência que, para além dos efeitos que uma greve provoca em quem não recebe o trabalho, esta também impõe sacrifícios a quem a pratica.

Por isso, saber que há alguns professores que pagam aos auxiliares para fazerem greve por eles é simplesmente estragar a razão daqueles que assumem o seu prejuízo.

A pretensão de alguns professores de continuar a gerar os danos de uma greve, sem assumir as consequências que lhe estão naturalmente associadas, pode ter o efeito pernicioso de fazer com que pensemos que a bravata não é justa, quando, em rigor, os Professores estão a lutar para deixar o mundo melhor.

Manuel Maria Machado

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